Ontem eu fui pra terapia e despejei minha tristeza da
ausência da escrita na minha vida e quanto isso tem me feito mal.
Comecei a escrever cedo, fiz rimas criança, sobre peixes e
bolinhas, fiz poemas na minha adolescência cheia de descobertas e filmes franceses, fiz versos fortes quando me impus negra sobre o mundo, quando ocupei
minha universidade por justiça social. Mas a escrita foi se distanciando da
minha vida de uma forma tão abrupta que não consegui segurar quando escorregou
pelas minhas próprias mãos.
E que triste é quando tu tens algo tão lindo e bom do teu
lado, em ti, e deixa escapar, fugir, sumir!
Agora eu to aqui, tentando puxar de volta esse sentimento. O
foda é que ele tá lá no fundo. Tão fundo que eu nem sabia/sei por onde começar.
Mas resolvi começar escrevendo, afinal, é isso o que quero no final de todo esse
cabo de guerra contra sei lá o que.
Isso me faz refletir que não sou um polvo cheio de tentáculos
que consegue segurar tudo. Na verdade, sou apenas uma e que deve ter suas
prioridades. Quando tentei abraçar o mundo todo, acabei esquecendo de me
agarrar também e fui sendo apenas meio de transporte de algo muito maior que eu.
O lance é eu me conhecer e saber que sim, haverão momentos
diferentes, versos inusitados e pontos finais em determinadas coisas. Mas só há
uma Tarsila, a que se modifica diariamente, mas tem o mesmo lar, que precisa
ser cuidado, limpo e forte, pra poder conseguir segurar lutas maiores e necessárias.
Escrever, pra mim, é me abrir, analisar, entender, higienizar,
descarregar. E todas essas coisas foram as que mais fizeram falta quando as
letras subjetivas estavam longe do meu próprio subjetivo. Afinal, ele sabe o
que é bom pra mim.
Então, que os meus símbolos pessoais voltem por meio de muito
carinho e cautela, mesmo que seja aos poucos, mas que eles voltem pra me fazer
abrigo de mim novamente.
Que bonito!
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